O Confeiteiro

Minha foto
...”Sempre que acordo Com a intenção de não ser O de ontém Mudo E o paradoxo mais bonito È que continuo sendo o mesmo”...

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

A Riscar

Num quarto vazio, encontro com outras partes minhas
Nesse caderno. já riscado com minha letra
Suspiro pausado e viro as páginas
Leio os poemas que eu mesmo escrevi

Versos soltos além de mim
Ora, rimados
Ora, desalinhados
Algumas folhas arrancadas

Outras amassadas
Frases inacabadas
Romances noturnos
Vírgulas mal colocadas

São rascunhos
Ensaios furtivos da madrugada, paixões não declamadas
Vitórias que não contei, beijos que ganhei
Despedidas que não aprendi.


Vou lendo, enchendo meus olhos.
As folhas escritas acabam
Sobram lembranças
O quarto e o caderno.
Honestamente, prefiro, não pensar no risco disso tudo.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Por Mil horas de silêncio


Você queria um grito, emudeci sorrindo
Lhe tirei a máscara , ti beijei delicado , foi sem querer
Te vi mulher descer do salto, você menina
Se atirando nos meus braços a voar alto

Contemplei suas brincadeiras pra me conquistar
Seus charme pra me enlaçar , sorrisos pra dissimular
Seus beijos , suas manhãs e noites a me confundir
vestido preto pra me matar

Fui caindo, morrendo , quando vi que já não iria agüentar
A séria brincadeira de ter uma mulher para amar
Escondi meu coração para você não roubar

Restou , calar. Deixar tudo intacto, sem mexer
Deixar brilhar por todos os lados , ofuscar
Até os labirintos da solidão em néon
Invasão

Me entristeci. Entristeço , por não ter nada a te dar
Palavras com sóis de amanhã , certezas absurdas
Meu peito é todo bagunçado, leve e pesado
E para não atropelar nenhuma palavra
Fico calado.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

DESMINTA-ME

DESMINTA-ME , por tão certa presença
Quero suas verdades lascivas na face
Não me traga dúvidas
Quero suas certezas absolutas

Antes de lhe tocar os lábios
E fazê-los suspirar meu nome
Fala do seu autor preferido
Sua antiga paixão literária

Canto, assim, minhas ideologias raras.

DESMINTA-ME , jogue fora minha organização
Minha auréola
Revire tudo , meus gostos , sabores , cheiros e pavores

Meus silêncios de segredo
Por esperar ser surpreendido
Surpreenda-me!
Quando já não esperar

DESMINTA-ME ou te devoro.

Ponto em comum , brilho de estrela
Olha para o alto , Tu
Eu te espero
Devolve que lhe devolvo a espera

DESMINTA-ME, qual é a sua graça ?
Rimo com olhos, cadeira e rua
Na sala, na fila no jardim
Estarei fazendo fita para me notar

DESMINTA-ME, por tanto sentir
Quero não sentir nada.
Nada além do cheiro de seus cabelos
E um sopro de sorte do destino

Senta do meu lado fique calma
Deixe que a volúpia cuide do momento
Fale comigo, sem pressa
Deixa todo resto

DESMINTA-ME, agora
Na espera, na vã linha, na insônia.
Coloco tudo ao seu lado
Tudo é puro e uma doce mentira.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Penteadeira

Do desejo que se fez a presença
Ali estava o ombro
Ao meu lado e a carne crua
O toque a mais

Que me farta
Me causa confusão
Desejo e não te quero
Quero e não mais que desejo

Quando te amo assim
Estamos de mãos dadas
Você não parte
E me deixa só nas escadas

Mais um adeus
Meu travesseiro com seu perfume
Já não aguento mais

Com seus sorrisos
Sou a menina que quero ser
Sofro por ser a menina
Pronta para lhe sorrir
Ao seu pesar e sentir

Olho para mim
Desejo , reconheço , sou mulher
Subo as escadas
Apenas , quero mais.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Minúcias


Num restante que me resta
Investigando com a minúcia necessária os Detalhes
Com detalhes de sorriso.
Sim , sorrisos.
Observando,
Que observar é mais que observar
Que a longitude de olhar
Causou-me cegueira momentânea
Clarão,
Lívido eterno retornar
O Porto por sempre achar ,
Nas minúcias.

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Informativo: O Ìndio Caído

Um índio caiu no portão de casa , andava vacilante com idade avançada , não tropeçou e não estava alcoolizado , foi caindo devagar sem pressa de alcançar o chão.

O portão de casa é cinza , este senhor caiu , talvez Seu Antônio ou mesmo Seu Pedro.

João o socorreu levou-o pra dentro de casa e assim este senhor índio se apresentou sua longa breve história agora é narrada neste informativo: Senhor Antônio , nome por mim criado para este personagem brasileiro. mora em Belém em uma comunidade indígena , sua idade avança os sessenta anos , sem emprego , esposa , residência ou filhos. caiu na calçada de casa pela falta de alimentação , sua cabeça doía e o corpo tremia, seu coração o culpava por ter de aceitar ajuda de quem não conhecia. numa proposta boa recentemente chegou em São Paulo , talvez tenha sido nesta cidade que ele fora assaltado. Hoje Seu Antônio não possui RG , CPF e os demais documentos que o tornam Cidadão Brasileiro.

Seu Antônio falou pouco percebia-se logo de cara o quanto sofria com toda essa situação. a passagem de volta para Belém chega perto dos trezentos reais. depois de muita insistência aceitou um prato de comida, possuía consigo parte do dinheiro da passagem , cento e cinquenta reais que lhe fora doado por uma senhora espírita , para poupar dinheiro nesta manhã e para ser sincero não sei quantas manhãs Seu Antônio não tomara café ou outra refeição.

Veio parar nesta cidade Atibaia com a informação de que aqui conseguiria ajuda em uma Igreja Espírita , mas , hoje é domingo belo dia de sol e céu azul. Em casa realmente não sabíamos o que fazer. AJUDAR alguém traz consigo o senso de responsabilidade sobre a parte ajudada. A dúvida e a confusão aumentaram quando Seu Antônio nos contou um pouco mais sobre a sua estadia na cidade.

Seu Antônio frisou bastante e quero reforçar "Seu único objetivo é voltar para Belém , retornar para Comunidade Indígena onde vive".

Procurou ajuda junto a Prefeitura da Cidade , onde foi informado que a Prefeitura não se encarrega desse tipo de ajuda.

Os Assistentes Sociais já estão cientes sobre o seu caso e outros orgãos Municipais também.

Foi oferecido a Seu Antônio , cama , uma troca de roupas , banho. ele não aceitou sua vergonha era muita seu corpo franzino , seus olhos tristes, com uma relutância incrível levava os alimentos a boca.

Seu Antônio depois da recusa de ajuda pelos orgãos públicos / sociais / estatais passou a procurar ajuda nas Igrejas.

Na paróquia , onde foi procurar ajuda o Padre lhe informou que não poderia ajuda-lo.

Em uma Igreja Evangélica o Pastor não pode lhe ajudar , pois Seu Antônio não compartilhava da mesma fé e vivia com os índios que possuem outra fé.

A Ajuda que conseguiu em dinheiro foi de uma senhora espírita que dera metade do dinheiro da passagem.

Ao terminar de almoçar , Seu Antônio quis ir embora , solicitamos para que ficasse , descansasse recusou todas as ofertas , partiu devagar e muito agradecido insistimos e questionamos para onde o senhor vai?

E ele respondeu que ia procurar ajuda nas Igrejas.

Seu Antônio , neste momento procura uma Igreja , procura Deus , procura o Homem , procura o engenheiro que projetou o Templo , procura Ajuda.

Ainda vivo , com fome , com uma dor humana e desesperança avassaladoras Seu Antônio continua na cidade.

Caso , Seu Antônio caia novamente e dessa vez seja no portão de sua casa. AJUDE-O COM O QUE PUDER E COM AQUILO QUE ELE MAIS NECESSITE.

Todos os dias com a rotina de Cidadão Brasileiro trabalhador egocêntrico , levo uma vida sem me atentar com os Problemas Sociais e foi nesse instante com Seu Antônio caindo na calçada do portão de casa. Que me vi refletido no espelho , precisando de ajuda : sem trabalho , sem família , casa , sem comida , sem amparo , sem RG ou CPF.

No Brasil sem nada disso , Somos Ìndios sem comunidade Indígena.

Somos Òrfãos de Estado e divorciados da Sociedade que é formada por uma Pseudo-Relação de Troca.

Seu Antônio me trouxe uma luz , uma verdade ofuscante e uma dor delirante.

Desconfiei também de Seu Antônio , não fui o primeiro e não serei o último e se ele fosse ...

algum tipo de charlatão ou mesmo ladrão. é uma corrente de pensamento reativista achar um ponto horrendo pecaminoso para deixarmos de sentir amor pelo Homem e condená-lo ao sofrimeto pelos seus atos. roubou , matou é enganador merece sofrer ( foda-se ).

Acredito que ocupei-me durante essa tarde com algumas questões de cunho social, afinal ,literalmente , bateram na minha porta ( já sem forças e cambaleantes )

Não prometo acordar amanhã Revolucionário , Reacionário , Socialista , Missionário.

Este é um informativo

Com a simples intenção de informar que Seu Antônio esta no Brasil.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Sábado

Olhos delatores da alma
Não era nada disso
Era pra ser segredo, guardado
timbrado nas entrelinhas
no peito de menino maduro

Olha , que ainda ta dolorido
mal me curei do último tombo
Olhos arregalados de surpresa
Olhos semi-cerrados de ilusão

Qual olhar que lhe entrego?
Olhe, escute bem
Sou tom do silêncio

Olhos de começo de flerte
Olhar transparente
Olhos em olhares que não se desmentem

Olhos em olhar sou tanta gente
Veja você não é diferente
O que se faz da gente é a gente

Olha que sou o que olho
Olha , não me olha assim
Não tão perto , feche os olhos

De olhos fechados caminhamos juntos
De olhos fechados
Ao redor o corredor o sabor
e o certo são incertos

Olhos sabedores da calma
pisca devagar , pisca lento
Olha pra palma
Repete no refrão
pede carinho , dengo , cuidado

Olho evocado no olhar
Quebra -cabeça
Dou de frente com pupila e a íris
Seu olhar de retorno
íntimo apaixonado

Digo dos meus olhos
Meu olhar
Abstrato
Admito já entregue sensibilizado

Cuidado
Cuido
Quem olha assim termina
apaixonado de mãos dadas num sábado.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Daquele Que Sou

À Angelo Rosario Lizzio


Posso falar de Céu
Olhar com demora e minúcia
Procurar no céu pássaros coloridos
Investigar no céu a imagem de Deus

Vê-se logo que Deus não esta a vista
Agora não sei onde você esta
Tornou-se Anjo?
Ou perdeu -se no caminho de volta para casa?

Para o adeus que não dei
Para o adeus que não se da
E que não se aprende a dar
Guardo no peito as melhores lembranças

Todo homen velho
Também é criança e tem chagas
Medos e inseguranças
Que a vida presenteia em igualdade

Se pintor fosse
Pintaria em tela
Em tinta óleo
A imagem do Herói que és

Se fosse escultor
Ergueria um busto
Destemido e sorridente
A escultura do Herói que és

Quando vislumbro o futuro
Homem grande
Com virtuosidades a sobrar
È para seu orgulho de Pai e sorriso dourado
Meu auto-retrato é inspirado em sua imagem

Sonho com o vôo alto
O descobrimento das nuvens
O desdobramento do céu
Para saber notícias suas

Me criastes
A tua imagem e semelhança
Ensinou-me o que é um amigo
E sei quem sou
Sem olhar no espelho

Há lições complicadas
Os erros são inevitáveis
Até tu errastes

Um dia
Quando puder me orgulhar
Esposa , filhos , família.
Conto a todos com louvor
Que tu me ensinastes a Amar.

Rafael de Almeida Lizzio

terça-feira, 19 de junho de 2007

O Sorriso de Karenin

Karenin , numa tarde de domingo de outono esta sentada em uma mesa ,
na livraria perto de seu apartamento o dia é ocioso e o livro que ela lê é interessante.
O sorriso , um sorriso pode ser interpretado de várias maneiras , normalmente o sorriso
traz consigo o signo da felicidade. embora , há quem sorria quando as coisas não estão nada bem.
Muitos ensaios são compostos com o sorriso. E todas as conotações são igualmente belas seja ele;
exagerado , enigmático , tímido , volúvel , desdenhoso , sincero. Muitos vão ser os sentimentos
que vão expressar , inúmeras serão as vezes que o sorriso vai bloquear a beleza da alma e incontáveis
são as vezes que o sorriso revela como realmente a alma é.
O sol de outono atravessa os vidros da livraria iluminando as prateleiras , mesas , pessoas com um
tom amarelado brilhoso.
Duas crianças acompanhadas por três mulheres , todos louros , entram na livraria.
O menino passa ao lado da mesa de Karenin que por um instante , tira os olhos de seu romance
e distrai-se olhando ao redor. repara na presença do menino de vermelho de óculos , sua irmã
e as três senhoras que sentam-se ao lado. conversam sobre casamento e filhos. o menino corre nas
mãos com um livro ilustrado a menina com seus cabelos longos seu sorriso falhado inocente com a troca
dos dentes de leite corre atrás.
Karenin , olha em direção ao sol que esta se pondo , retorna o olhar para dentro da livraria
e olha novamente para o sol. fecha os olhos e respira devagar.
Um sorriso escapa-lhe nas faces , olha para sua xícara de capuccino antes de lhe dar mais um gole
cheira-o vagarosamente repousa a xícara sobre a mesa. O menino de óculos folheia animado um livro sua irmã
come um bolo de chocolate com cereja . As senhoras continuam uma conversa afinada. um casal de namorados entra na
livraria de mãos dadas .
Karenin , com um sorriso fixo nos lábios. deixando a tarde passar retorna a leitura de seu romance.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Soneto Do Desconhecido

Desconheço qualquer
imitação barata de ontém
Desconheço aquele retrato
que sorrio paralisado

Desconheço o fortuito flerte
e a mulher que passa
Desconheço o compasso
de seu passo

Um , dois , três
Nem mesmo a frente
Nem mesmo atrás

Prelúdio
Do que não sabe
Desconhecido.

terça-feira, 5 de junho de 2007

Da Lua

Astral de Maio - Horóscopo Lunar

O mês de maio promete muita emoção no ar , o mês começa com a lua cheia com o regente planetário em Júpiter planeta das mudanças. influência viagens , mudanças no trabalho e planos a curto e longo prazo. E o mês termina com a mesma lua do início do mês um fenômeno que ocorrre de duzentos em duzentos anos. Esse fenômeno não deixa a humanidade indiferente todos serão tocados pelo bem estar social , favorecendo trabalhos sociais e um clima romântico paira sobre a Terra. O Mês terá uma energia muita forte ideal para qualquer atividade humana.


Sereno e frio e a Lua me surpreende no início do mês , quando volto da viagem ela é quem esta me esperando com a ansiedade que desconhecia. Lua? mistério da lua , mistério de lua.
Hoje é sábado , há lua cheia vermelha na viagem , na janela ou sentada no banco.
Há lua e há quem diga que há coelhinho , há quem diga que é um fenômeno científico , há quem diga que é um fenômeno astrológico , ou que é paixão. Há quem diga que é um corpo celeste que gira em torno de Terra e assim é iluminada , ora não.
Vejo na Lua o rosto de uma menina , num corpo de mulher. A noite esta agradável , estou no começo de Maio sinto-me um tanto desassossegado. Neste mês teremos duas luas cheias.
E se a Lua por mim se apaixonasse ? Será que me levaria a sério ? Quantas luas , quanto misticismo e especulação.
De ti Lua nada sei , somente dos poucos olhares e de alguns devaneios. Como tocar a Lua?
Se ao menos fosse astronauta ou sonhador. Lua sonhastes comigo? Como é possível ? Segurava em minhas mãos?
Já lhe disse que não acredito em paixão? Qual é a minha idade ? Se lhe contar julgarás que sou jovem demais para ti. Além do mais sou humano. E Lua tu conheces o mar , me diga quem és ?
Qual é o seu signo ? Do que tens medo?
Que coincidência estranha Lua , duas luas no mês de Maio. Sou racional e sei que também és. o flerte era natural e carregava a curiosidade.
Posso e devo me questionar sobre a sua existência , durante o dia o que há com a lua ? Onde estás? Ainda és Lua? No dia há sol , afinal há conheço ou não ? existe ou não ? imaginação ou realidade ?
Mês de Maio vem se desenrolando com pura estética do dia e da noite , minha concentração e o meu sono estão alterados não é culpa da cafeína. Fico acordado para lhe ver Lua , quantas madrugadas frias.
E dormindo num sonho me encontrei contigo , segurei suas mãos , olhei nos seus olhos , senti o perfume de seus cabelos que tinham o cheiro de própolis. Lua tu quase desistiu de ir embora, mas, já era quase dia . Foi sonho , sonho mesmo. Lua tu me beijastes e no final do sonho estávamos apaixonados , éramos recíprocos.
Lua de ti não espero correspondência e sei que qualquer conotação romântica lhe dada , fora de algum escritor que resolveu pintá-la como a Deusa do Enamorado.
Estava desassossegado e agora não mais minha alma é de uma leveza que já não me sinto mais da Terra.
O mês de Maio esta por acabar , lua cheia esta por ficar. Porém eu e a leveza. só aguardamos um convite ou sorriso de aceitação. O que queres Lua ? O que fazemos ?
Quer ser amada , quer amor. com a leveza de minha alma posso subir até onde você esta!
Pois, suba quero lhe ao meu lado é sua melhor resposta.

Oh! Lua
Por mil desertos que andei
E de centenas de estrelas que observei
Tu sempre existiu
Tão longe
Tão perto
E assim sempre soube
Que quando por fim chegasse o tempo
De ti
Receberia os sinceros
Os merecidos beijos da verdade.

Lua o mês de Maio esta quase se tornando Junho. O que faremos com as previsões astrológicas ? o que faremos com os materialistas ? e os cientistas ?Não há explicação. E se me perguntarem de ti Lua? Como pode um homem se apaixonar pela Lua ? Como pode a Lua se apaixonar por um homen?
Ùltimo dia de Maio , Lua você esta ai? Você vai com o mês de Maio ?
Quer que eu vá contigo? Vou sem exitar e de pronto aceitei.
Termina o mês de Maio, assim , sereno e frio com a mesma lua cheia que comecei.

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Blues

Ode ao Blues perfeito
E toda a existência revestida na nota de um Blues
Porque saber quem sou
Não é tão importante

Se a noite
Vai invariavelmente na manhã seguinte
Tornar-se dia
Seguro minha gaita

E há dias que meu Blues
È sorridente estridente
Sem nenhum peso
De uma leveza
Que não é minha

Queria num desejo mortal egoísta
Tocar toda noite para um Belo sorriso
Arrancar lágrimas não é a intenção do Blues

Motivos
Também procuro motivos
Parto sem motivo sempre
Porque o sempre me assusta

Viver um amor de verdade
Pode colocar um tocador de Blues
numa situação irreversível
O medo de Amar
De ser correspondido de não sê-lo
de ser dependente ou causar dependência

Porque tanta dúvida?
È para acreditar
E ser surpreendido
Com qualquer surpresa

Surpreendo-me pensando no amor
Ah, sentimento que me ameaça
coloca em risco minha individualidade
Me incomoda
O que faço com minhas ideologias raras?
Meu egoísmo vil?
Minha poesia torta?
Controle sobre o que?
Ah, amor!

Palavras algumas doces palavras
Acreditar na beleza das palavras dele?
Ele fala sorrindo com brilho nos olhos
Mas ,
Este é o seu reflexo
Porque duvidar?

O Blues está sempre presente
Quando não esqueço da gaita
das coisas a data e o horário

O horário de partir e chegar
È qualquer um
Minha gaita desafinada
E meu medo de amar
Ainda são os mesmos

Sempre que acordo
Com a intenção de não ser
O de ontem
Mudo
E o paradoxo mais bonito
È que continuo sendo o mesmo

Nas noites de lua
Faço Blues
Bebo vinho
Falo de metafísica
E faço silêncio

Interpreto o personagem que mais fiz
E o mais utópico
O qual nem acredito

Coloco palavras
Em frente a minha porta
Acredito nas palavras
E dúvido com uma força descomunal

Junto palavras em folha de papel
Não sou exímio
Faço tentativas de exprimir o que sinto
No papel
Num papel

Descrever sentimentos
Os tornam tão pequenos diante de tudo
Que muitas vezes desisto
Deixo a folha em branco
a caneta repousada sobre a folha
E faço silêncio

Um silêncio alegre (...)

Como descrever o sentimento?
O sentimento do abraço que me induz a beija-la
O som e o ruído de sua respiração
Seus olhos delicadamente se abrindo diante dos meus

O maior assalto de infinita certeza
E a pior dúvida
Será?

A dolorosa partida
Porque há sempre pouco tempo
Há sempre a súplica
E a madrugada arrebatadora

Devora a minha idade
Provoca-me saudade
E não sei
Quando ganho ou perco tempo

Não sei quando vou
E ou fico para sempre
Se choro ou rio no abraço
Com dúvidas
Muitas dúvidas parto

Blues da Madrugada
Ora sereno
Ora verão
Ruas da pequena cidade de paralelepípedo
Luzes amarelas

Segredos
Quantos segredos
Se há em mim vontade de mudar ?
partir?
Há sim
E há medo

Há dias que me demoro
Observo calmamente as estrelas
Ou a estrela que elejo a mais bonita
Que tem mais brilho
Ou a que se faz mais opaca

Há noites que passo os olhos sobre o céu
E não me prendo em nenhum detalhe
Olho sem qualquer emoção
Estou só

Um pouco mais de Blues
Variações de notas musicais fluindo entre as mãos
violão nas mãos de um amigo
Notas musicais espontâneas
O dedilhado sobre as cordas

Quiçá uma rima
Uma rima urbana , poesia concreta
Êxtase de Blues
Frenesi dos Comparsas
Que assistem tocam
E sentem o Blues

Leveza do sentir
Todos os Comparsas
Sentem a falta de uma Pequena
E uma pena para inspiração

Uma alma feminina
Para recostar sobre o ombro
Segurar as mãos
Ser um pouco mais
Fazer poesia
Qualquer peripécia ou
Exibição ultra-româmantica démodé

Só não choro para não cair em contradição
Escolhi estar assim só
E Só observo as estrelas da forma
como sempre quero

A sensação da leveza do Blues
Que se mantém na madrugada
O silêncio
E a cumplicidade

Não foi mencionada
A perda de uns meninos bons
Que se reúnem para falar de sentimento e poesia
E não senti-lo
Quanto desperdício (...)

Desperdício?
Se o Blues assume tom metafísico
De sublime sentimentos
Posso apontar
Meus amigos , poetas e
Comparsas do Blues

Ode a noite anterior
Ode a manhã seguinte
Homenagem ao Blues e a Poesia
de Ontem
Que hajam verbos e existência
para conjuga-los Hoje

A força do fraco
A beleza do torto
È ser observador de si
Notar alguns pontos falhos
E quem sabe assumi-los

Quanto ao verbo Amar
Muitas vezes
Conjugo-o no tempo errado
Falando de Blues e gaita
Devo assumir sou um tanto desafinado.

quarta-feira, 2 de maio de 2007

Recíprocos

Diariamente se repetia a cena.
Ponto de ônibus.
Destino em comum.
Ele com seu livro.
Ela com sua amiga, as duas sempre conversando falando sobre coisas.
Ele calado e tímido, com seu livro.
Diariamente se repetia a cena
Entravam no ônibus sentavam , em posições diferentes
Ele só.
Ela com sua amiga.
Elas conversavam em voz alta e sempre falavam de novelas, salto alto , relacionamento e fim de semana.
Ele sempre , com o rosto colocado dentro de um livro. quieto , ás vezes , olhava pela janela e falava sozinho ( em voz baixa ).
Ela o notava
Ele a notava
Mas sempre disfarçavam,quando conseguiam.
Ela pensando , ele é tão bonitinho e tão tímido.
Ele pensando , ela é interessante,mas fala muito.
Trocavam olhares.
Ela pensando , ele é tão estranho um nerd , sempre com livros.
Ele não pensava diferente , que voz irritante que ela tem.
Diariamente a cena se repetia.ponto de ônibus , livro , conversas com a amiga.
Diariamente os olhares tornavam-se, menos indiretos e os pensamentos mais diretos.
Ela pensando, ele está afim de mim, eu sei, pelo jeito que me olha.
Ele pensando, ela está afim de mim, quando fala alto, é pra chamar minha atenção.
Ela pensava , tão tímido, estranho e ainda usa all star.
Ele em seu banco com os seus pensamentos e com o seu livro pensava , cara! ela é tão bonita , mas se usasse all star. (...)
Ele vinha pensando em como chamar sua atenção.
Ela vinha pensando em no que dizer. ele não dá espaço , sempre com o livro.
Ela sempre esta falando. sempre com a amiga.
Pensamento dela:- O que falar pra ele? eu não leio
Pensamento dele: - O que falar pra ela ? eu não saio.
Pensamento dela: - Não...não é possível. não estou interessada nele eu não o conheço.
Pensamento dele : -Não... não é possível. não estou interessado nela . eu não a conheço.
Diariamente um afeto. um estranho afeto. Recíproco.
Hoje, ele acordou decidido:
- Vou puxar assunto,vou falar com ela, qualquer coisa. sobre o tempo , perguntar que horas são? se o ônibus já passou... não isso não . vou me apresentar. -Falar de novela? eu não assisto . perguntar se ela quer sair comigo . cinema ? música? pizza? não isso não... vou falar com ela.
Hoje, ela acordou decidida:
- Quando ele chegar no ponto , vou puxar assunto, perguntar do livro dele, - já sei vou levar um livro, uma revista. não isso não... preciso falar com ele . o nome dele , vou perguntar o nome dele. - Não , ele vai pensar que estou dando mole. mas estou... já sei vou deixar algo cair bem na frente dele o meu brilho labial . Ah! não sei. (...)
A cena se repetindo.
Ela no ponto com a amiga. ansiosa , com frio na barriga , e as mãos suando.
Ele chegando com o livro. imaginando diálogos , convites malucos e frases que possam impressionar.
A barriga dela esfria um pouco mais e seu corpo demonstra uma estranha linguagem corporal
Todos os pensamentos dele e devaneios , agora se fundem e formam um estranho pensamento abstrato impossível de ser formulado em frase.
Seus olhares se encontram.
Com coragem e audácia ela diz:
- Oi.
Ele, que havia ensaiado todo o discurso , pego de surpresa e quase engasgado, responde:
- Oi.
Fazem silêncio.
Ele abre o livro.
Ela volta a falar com a amiga.
E o ônibus chega.




terça-feira, 17 de abril de 2007

Descendentes de Eva

- Era uma vez um lindo e grande Paraíso. claro! e lá moravam duas pessoas bacanas.
Sr Adão e a Sra Eva.
Quando eles foram colocados ali " O Grande " , o " Todo Poderoso" lhes disse coisas bacanas:
- Serão Felizes aqui , o Paraíso é de Vocês.
Adão levava uma vida sossegada , possuía uma calma e uma satisfação interna muito grande
tinha um corte de cabelo, sem corte , e uma barba Bíblica. usava uma folha de bananeira para cobrir "suas partes" e era realizado com a liberdade que isso lhe proporcionava.
Eva , já era mais curiosa e falante , seus cabelos eram longos e seus olhos eram dissimulados como os de Capitu. Eva também era feliz , afinal ela estava no Paraíso. o que lhe incomodava um pouco no início e agora havia se tornado insuportável , era ter que usar a mesma folha de bananeira todas as Estações , primavera , verão , outono e inverno.
E foi num dia de TPM , que Eva estava um pouco tristinha , carente , precisava de um "docinho". Pensou: - O Paraíso é tão paraíso. aí que tédio! não pode estar certo , final feliz. é só em filme.
Eva mordeu o "fruto" e correndo com o fruto na mão , foi na direção do Seu Adão , que repousava perto de uma árvore frondosa.
Disse-lhe , que havia achado um "fruto novo".
Seu Adão , sempre distraído , comeu , né?!
E desde então, sim!
Somos Descendentes de Eva.
A Geração , "Pós Fruto Proibido".
Eu que nasci em meados de oitenta , mil novecentos e oitenta e sete. sou Proibidissímo. conhecedor de muitas Mundanices , hoje sofro com Aquecimento Global , engarrafamento , gravata apertada , cerveja quente , stress , desilusões amorosas.
E também teimo em sofrer com Questões Existênciais. me pego pensando naquele Paraíso.
O Paraíso do Paraíso. folhas de bananeira e sua liberdade. barba por fazer.
As Descendentes de Eva , herdaram seus genes. claro !
Ainda hoje continuam lindas de morrer , curiosas , falantes e frívolas.
Olhos dissumulados , bocas e nariz.
Nós Homens , Descendemos do Seu Adão. um homem tranquilo. que só queria ficar com um corte de cabelo estranho. filosofamos , claro!
Mas, quando encontramos uma boa árvore frondosa, satisfeito ficamos.
Continuamos distraídos aceitando propostas desnecessárias das Descendentes de Eva.
Hoje , somos, infelizmente, ou não. todos Descendentes de Eva.
- Bendita Eva!
- Bendita Eva!
Essa Mulher Revolucionária.
Inconstante.
Humana demasiada Humana.

Lucas e o Gato

Lucas , seus cinco anos , sua curiosidade invencível , energia inacabável e mente filosófica.
Estavam na casa de sua avó. Lucas brincava , quando encontrou o bichano de sua avó, o gato Silas , rajado esparramado sobre o sofá da sala dormindo. num ímpeto e impetuosamente pulou sobre o gato, que saiu correndo e assustado. A avó que assistia a cena, exclamou:
- Aí , meu Deus! ainda bem que gato tem sete vidas, tadinho do Silas.
Lucas se distraiu e brincou a tarde inteira. após o café sua mãe foi lhe buscar na casa da avó. já em casa. Lucas pergunta a mãe:
- Mãe , quantas vidas nós temos?
- a mãe responde:
- Uma.
- Mãe , o que o Silas faz com sete vidas?
- A mãe ia responder, mas , ele interrompeu:
- E o que nós fazemos com uma vida?
- A mãe respirou e disse:
- Vamos , Lucas , já está na hora do seu banho.

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Narciso

A necessidade de amar o deixa só.
manhãs tardes e noites.
Sorrindo entre pessoas educado e cordial.
Sempre ocupado, sua indiferença com as datas
,relógios , mulheres o faz Narciso.
O homem intangível e bem apresentado.
Ele é bonito e como sabe disso, filho único
sua mãe lhe dera todo o amor necessário
O zodíaco lhe dera o signo de leão
E seu pai o carro , apartamento e faculdade
Um publicitário de uma lábia e uma eloquência invejável,
podia vender-lhe o desnecessário do desnecessário.
Na grande agência , trabalhava há mais de dois anos.
As mulheres de seu trabalho o achavam, Narciso,
seu chefe achava-o uma propaganda.
O seu porte físico destacável , provinha de uma hora e meia de musculação
e uma dieta especial elaborada pela nutricionista Elizabete Costa.
Trabalho, academia , festas badaladas,
Assim construía sua rotina.
Narciso era gente boa
Alguns amigos o tinham , mas
Narciso era amigo mesmo do que refletia , do que o refletia
espelhos , vidraças , pessoas elogiosas e menina mulheres encantadas sinceramente , com brilho no olhar.
Numa noite , no final de uma noite de Maio.
Narciso , tomou um porre e de porre de tudo.
Em seu apartamento só, fitava-se no espelho grande que havia na sala
,chegou próximo, bem próximo e seus pensamentos e sua face bêbada refletiam-no exatamente como era.
Entreolhava-se. passou a sentir-se uma piada.
Alguém , algum pobre de espírito.
Sua incapacidade de amar e seus sorrisos mal intencionados.
Fazer publicidade na agência.
Sentia-se amado demais , olhava-se no espelho, chegava cada vez mais perto ,
desgostava e gostava daquilo que via e chorava algumas lágrimas salgadas.
Em sua inconstância emocional enjoara de si , atacou-se no espelho , com uma cabeçada . atingira seu ego , ouvia barulho de vidro , estilhaços , caídos no chão , respirava pesadamente e de sua testa escorria sangue quente e grosso.
Narciso, olhava para o chão e via-se. se olhava eram muitos Narcisos naquela sala. cada parte lhe doía. exausto seu corpo foi cedendo , com as mãos no joelho.abaixou-se. deitou-se. arranjou um lugar entre os estilhaços e ali adormeceu. na sala entre seus estilhaços.
Narciso e seus estilhaços , todos com uma testa que sangrava e um meio sorriso nos lábios.

Palco

Diga-lhe
Que não tive escolha
Fui obrigado a ver beleza
E toda fealdade se foi
Sorri e assim enruguei a face
Troquei toda ilusão pela realidade
E toda realidade por ilusão
E a todo e qualquer instante
Faço e desfaço
Crio e destruo
Subo no palco
Não me embaraço
Só,
Palhaço
Lâmpadas e velas
Amigo da estréia
Conto , contos

Mentiras ,
Verdades do Palco
Eu em mim , outrora
Saudades dela
Só dela
Cortina , platéia , aplausos
Sina!
Diga-lhe
Que não tive escolha

Roda