O Confeiteiro

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...”Sempre que acordo Com a intenção de não ser O de ontém Mudo E o paradoxo mais bonito È que continuo sendo o mesmo”...

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Narciso

A necessidade de amar o deixa só.
manhãs tardes e noites.
Sorrindo entre pessoas educado e cordial.
Sempre ocupado, sua indiferença com as datas
,relógios , mulheres o faz Narciso.
O homem intangível e bem apresentado.
Ele é bonito e como sabe disso, filho único
sua mãe lhe dera todo o amor necessário
O zodíaco lhe dera o signo de leão
E seu pai o carro , apartamento e faculdade
Um publicitário de uma lábia e uma eloquência invejável,
podia vender-lhe o desnecessário do desnecessário.
Na grande agência , trabalhava há mais de dois anos.
As mulheres de seu trabalho o achavam, Narciso,
seu chefe achava-o uma propaganda.
O seu porte físico destacável , provinha de uma hora e meia de musculação
e uma dieta especial elaborada pela nutricionista Elizabete Costa.
Trabalho, academia , festas badaladas,
Assim construía sua rotina.
Narciso era gente boa
Alguns amigos o tinham , mas
Narciso era amigo mesmo do que refletia , do que o refletia
espelhos , vidraças , pessoas elogiosas e menina mulheres encantadas sinceramente , com brilho no olhar.
Numa noite , no final de uma noite de Maio.
Narciso , tomou um porre e de porre de tudo.
Em seu apartamento só, fitava-se no espelho grande que havia na sala
,chegou próximo, bem próximo e seus pensamentos e sua face bêbada refletiam-no exatamente como era.
Entreolhava-se. passou a sentir-se uma piada.
Alguém , algum pobre de espírito.
Sua incapacidade de amar e seus sorrisos mal intencionados.
Fazer publicidade na agência.
Sentia-se amado demais , olhava-se no espelho, chegava cada vez mais perto ,
desgostava e gostava daquilo que via e chorava algumas lágrimas salgadas.
Em sua inconstância emocional enjoara de si , atacou-se no espelho , com uma cabeçada . atingira seu ego , ouvia barulho de vidro , estilhaços , caídos no chão , respirava pesadamente e de sua testa escorria sangue quente e grosso.
Narciso, olhava para o chão e via-se. se olhava eram muitos Narcisos naquela sala. cada parte lhe doía. exausto seu corpo foi cedendo , com as mãos no joelho.abaixou-se. deitou-se. arranjou um lugar entre os estilhaços e ali adormeceu. na sala entre seus estilhaços.
Narciso e seus estilhaços , todos com uma testa que sangrava e um meio sorriso nos lábios.

Um comentário:

Dan disse...

Pobre coitado do narciso.


é aquilo, foi duro pra mim ver a minha flor nesse texto.
Mais foi maravilhoso poder ver!

Roda